segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Livro sobre Bizarros casos e fatos discutiveis de atores da década de 40
De Darwin Porter e Danforth Prince.
Blood Moon Productions. 2010. 370 páginas. Com índice.
Há mais de 40 anos, Kenneth Anger publicou um livro, bem ousado na época, chamado Hollywood Babylon, onde revelava com fotos alguns dos mais famosos escândalos da capital do cinema.
Certamente influenciado pela revista Confidential, dos anos 50, que foi pioneira nesse jornalismo marrom, que só se agrava porque, pela lei americana, atores são pessoas públicas, ou seja, você pode invadir sua privacidade principalmente depois de morta. Pode inventar qualquer mentira que não cabe à família do morto qualquer processo.
Por causa dessa discutível lei é que existem os paparazzi, que tornam a vida dos famosos um inferno. Se bem que eles, por vezes: 1) fazem por merecer 2) até colaboram com estes profissionais.
Enfim, como todo mundo sempre gosta de uma fofoca e saber de um segredo, foi lançado o terceiro volume da série Hollywood Babylon, agora com o subtítulo Strikes Again! Só depois fui perceber que o autor é o mais desprezível dos escritores do gênero, um certo Darwin Porter, que tem se especializado em denegrir a vida alheia.
Foi ele, por exemplo, o primeiro a publicar um livro mostrando que Katharine Hepburn era lésbica e não havia na verdade um romance dela com Spencer Tracy, mas um arranjo. Ele era impotente, alcoólatra, briguento e gay não assumido e ela, bissexual assumida (claro que devíamos ter desconfiado diante do jeito que se vestia e se comportava).
Que tenha conseguido manter esse segredo tantos anos, é mérito de sua personalidade fora do comum. De qualquer forma, tem gente que tem prazer em demolir mitos. Eu, ao contrário, acho que isso só aumenta mais ainda a lenda. Torna menos banal e mais misteriosa.
Mas eu não posso recomendar este livro que acabou de sair, em parte por ser mal escrito, safado e mau caráter. Em parte, porque está cheio de insinuações e meias verdades que não se podem provar, nem desmentir. Vou ressaltar apenas os mais curiosos ou os que desconhecia:
1) Mario Lanza teria sido assassinado pela máfia. O famoso tenor, célebre nos anos 50, era um incansável conquistador de mulheres, mas odiava a máfia e recusou cantar numa festa deles. O chefão, Lucky Luciano, não o perdoou e arranjou um jeito de liquidá-lo. Quando estava no hospital se tratando de excesso de peso, deram jeito de se livrar da enfermeira, do chofer de confiança e teriam colocado uma agulha com ar na sua veia. O chofer também sumiu para sempre e a esposa de Lanza morreu seis meses depois (dizem que de coração partido).
2) Já falaram muito de Walt Disney e seu passado negro como mau patrão, caçador de comunistas e os boatos sobre pedofilia, inclusive com o garoto Bobby Driscoll. Me recuso a acreditar, mas não deixa de ser uma irônica e escandalosa possibilidade. Ao menos não negam que ele era gênio.
3) O recém-falecido Van Johnson, que foi ídolo das adolescentes nos anos 40, era mesmo gay, coisa que já se sabia (acredito que até Janet Leigh me contou isso e escreveu um romance sobre o caso sem citar o nome), sardento, bem alto, viveu no armário a vida toda. Fez par no cinema com June Allyson, que o livro apresenta como promíscua (outra que conheci, vendo senhora e pequenina, ninguém acreditaria).
4) Marjorie Main, famosa atriz, característica, especializada em fazer papel de caipira, era lésbica e viveu muitos anos com outra atriz que fazia velhas boazinhas, Spring Byington.
5) Esta fofoca do livro até eu tenho pudores de reproduzir. Segundo a publicação, a modelo e atriz Capucine (A Pantera Cor-de-Rosa) lutou a vida toda com boatos de que ela seria transexual operada e que teria uma ligação com sua melhor amiga, Audrey Hepburn. Capucine jogou-se de um prédio na Suíça, em 1990, aos 62 anos.
6) Christopher Reeve, o Superman, é entregue pelo astro pornô Cal Culver, com quem ele teria tido um romance.
7) Insistem nos boatos de que Natalie Wood teria sido assassinada, e de que Robert Wagner é um legítimo suspeito. Sobre esse mistério, nunca vamos conseguir saber a verdade. Mas que é esquisito, não há dúvida.
8 ) O livro traz uma lista de bem e maldotados (entre eles, os icônicos John Wayne e Clark Gable), para se ver que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
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